Criar engajamento não é uma tarefa simples, isso exige dedicação e entendimento dos interesses do público que se quer atingir, principalmente quando se quer criar valor a algo, ou seja, dar às pessoas aquilo que elas não sabiam que queriam. Segundo Steve Jobs, isso é inovação!
No post anterior nós já explicamos um pouco mais sobre como desenvolver um planejamento de comunicação para o seu programa de caronas, hoje trataremos então, sobre técnicas de engajamento para este plano. E para começar precisamos entender primeiramente como funciona este processo, mas antes é necessário refletirmos sobre o questionamento a seguir:
O QUE PRODUTOS DE SUCESSO TÊM EM COMUM?
Você já parou para se perguntar o que produtos de sucesso tem em comum? Bem, para começar eles resolvem problemas! Então antes de começar a desenvolver um plano de engajamento se pergunte: “Quais problemas dos meus funcionários este programa está resolvendo? ”.
A primeira e mais óbvia resposta poderia ser: “Problemas de mobilidade diária, oras. ”, mas será que uma reposta tão genérica vai nos ajudar a entender e atuar em todos os pontos que compõe este assunto? Em nossa experiência conseguimos detectar diversas outras soluções trazidas por um programa de mobilidade corporativa, dentre elas podemos citar:
1. Melhora de clima organizacional;
2. Economia para empresa e funcionários;
3. Retenção do colaborador que mora distante ou com poucas opções de transporte;
4. Melhora do trânsito;
5. Diminuição do stress;
6. Companhia e segurança;
7. Diminuição de emissão de CO2 no meio ambiente.
Entender esses problemas é o primeiro passo para desenvolver o seu programa de engajamento, já que todas as comunicações realizadas devem estar voltadas às soluções deles.
ETAPAS NECESSÁRIAS PARA CRIAR ENGAJAMENTO
Ações de engajamento tendem a modificar os hábitos das pessoas, criar engajamento nada mais é do que o processo de construir estes hábitos.
Num programa de mobilidade, geralmente, deseja-se oferecer novas opções de deslocamento para os funcionários, consequentemente estimulando novos hábitos, como: o uso de modais mais sustentáveis e deixar o carro em casa; incentivar quem mora perto a ir para o trabalho a pé ou de bike; promover a experiência da carona solidária, conectando novos colegas da empresa.
Você percebe como essas atividades exigem um esforço, mesmo que mínimo, das pessoas? Existe uma solicitação, uma mudança e no caos do dia a dia qualquer coisa que exija uma nova racionalização de atividades e rotina pode passar a ser algo estressante. Então, como despertar essa mudança de forma confortável para o seu colaborador?
Vamos explicar um processo muito efetivo de 4 etapas que você pode utilizar para começar a criar um plano de engajamento, criado pelo escritor Nir Eyal no livro Hooked: how to build habit-forming products. Vejamos a seguir:
1. GATILHO
Pare para pensar quantas vezes você fez algo por impulso ou no “modo automático”… pode ser comprar algo que você não necessariamente precisava… abrir a porta da geladeira quando vai à cozinha, mesmo não estando com fome… um determinado gesto com as mãos, vícios de fala, roer unhas… Praticamos diariamente inúmeras ações involuntárias que poupam esforço psíquico, imagine o quão desgastante seria ter que pensar como amarrar os sapatos ou escovar os dentes todos os dias?
Enfim, tudo isso é hábito, mas para um hábito vir à tona é preciso que algo o estimule, o acorde. Este “algo” é o que chamamos de gatilhos.
Gatilhos são então o impulso necessário para gerar um determinado comportamento nas pessoas.
Eles podem ser tanto internos quanto externos. Os gatilhos externos são estímulos externos aos quais as pessoas estão sujeitas e que podem influenciá-las a realizar determinado tipo de comportamento.
COMO USAR O GATILHO EXTERNO:
No geral, os gatilhos partem do meio externo, em um programa de mobilidade os gatilhos externos podem ser identificados como tudo aquilo que faz parte da divulgação, ou seja, tudo aquilo que comunique a sua existência. Você pode usá-lo, por exemplo, através de: e-mail interno divulgando o programa, evento de lançamento, cartazes e banners em locais estratégicos, ações no estacionamento ou café da empresa, com abordagem mais próxima.
Todas essas ações estão dizendo “Olá, agora temos um novo programa de caronas, faça parte, venha conhecer! ”, com estes estímulos diários que o funcionário passa a receber, começa a ser criado o desejo, a curiosidade pelo programa. Porém para que um hábito seja construído é necessário que surjam também os gatilhos internos.
COMO USAR O GATILHO INTERNO:
Os primeiros gatilhos geralmente partem do meio externo, ou seja, o usuário recebe “dicas” para aderir ao programa de mobilidade, porém, para que se crie um padrão de comportamento é necessário que gatilhos internos surjam. Por exemplo: o funcionário procurou e aderiu ao programa porque isto já é algo que ele deseja, e ele entende que a iniciativa o ajudará a resolver um determinado problema.
O gatilho interno pode ser tanto algo que já está interiorizado em uma pessoa, como algo que será desenvolvido por meio de gatilhos externos.
Emoções negativas são gatilhos internos poderosos para estimular novos comportamentos. Em um programa de mobilidade podemos identificar: solidão (no caminho casa-trabalho), insegurança (nas ruas), tédio (no trânsito), confusão (nas opções de transporte), entre outros. Tais emoções associadas a comunicação certa, tendem a despertar o interesse pela solução que busca amenizar estes sentimentos, que se tornam excelentes motivadores para a busca de novos hábitos.
2. AÇÃO
A ação sempre ocorre logo em seguida ao gatilho e nada mais é do que o comportamento que o gatilho gera. Em outras palavras, aqui devemos pensar em qual será o próximo passo do colaborador no momento em que ele toma a decisão de fazer algo diferente.
Segundo BJ Fogg, toda ação para acontecer necessita de três fatores: gatilho (tratamos acima), habilidade e motivação (exemplificaremos na sequência).
HABILIDADE:
Quando falamos de habilidade, entende-se que é o conhecimento e/ou recurso necessário para se executar a tarefa que o gatilho desperta, como por exemplo:
- Há algum e-mail em que o funcionário possa se inscrever ou comunicar-se com o programa de mobilidade?
- Há soluções que tragam o que ele precisa para mudar o comportamento?
- Se o colaborador tem habilidade necessária para dar insights, existe alguém para recebê-los e implementá-los?
- Quando ele decide compartilhar o carro, é possível saber quem mora perto ou possui o mesmo destino?
Fogg explica que fatores como tempo, dinheiro, esforço físico, questões sociais e falta de rotina, interferem na habilidade do usuário (colaborador), aumentando ou reduzindo sua capacidade de executar a ação.
MOTIVAÇÃO:
Tratando de motivação, o autor cita 6 sentimentos que podem incentivar comportamentos, como: busca por esperança, aceitação e prazer ou evitar a dor, medo e rejeição.
Por isso é muito importante que os gatilhos estejam de acordo com as motivações do colaborador, afinal você não quer gerar um comportamento contrário ao seu objetivo, não é?
3. RECOMPENSAS VARIÁVEIS
Recompensas variáveis são uma das mais poderosas armas de engajamento que você pode oferecer, o nível de dopamina em nosso cérebro aumenta toda vez que esperamos por uma recompensa, introduzir recompensas diferentes aumenta esse anseio, segundo Nir Eyal.
Nir lembra que as recompensas podem ser vistas em três perspectivas:
Tribe: recompensas sociais como reconhecimento;
Hunt: obtenção de recursos como bônus ou economias;
Self: autodesenvolvimento como obter novos conhecimentos e tomar decisões mais racionais.
“O desconhecido é fascinante e a variabilidade causa foco e engajamento.”. Nir Eyal.
Imagine que o funcionário opte por ir de bicicleta ao invés de ir de carro para o trabalho (ação), ou que ele dê carona para alguém, ou participe do programa de mobilidade, e toda vez que ele optar por um comportamento mais sustentável ele seja beneficiado por isso, de modos diferentes (recompensas variáveis), automaticamente será criado um mecanismo interno em sua cabeça sinalizará que: práticas sustentáveis de mobilidade são positivas.
Você não precisa, claro, oferecer recompensas de alto valor agregado, pois além de serem inviáveis financeiramente, estes tipos de recompensas criarão dependência e muitas vezes atingirão um público que pode estar ali pelo benefício, o que não está de acordo com o esperado ou planejado, o ideal é que o processo seja fluído.
Algumas recompensas que você pode oferecer: um dia folga (deve ser comunicado para todos), home office ou saída mais cedo do trabalho; ingressos para um evento cultural, um voucher de vale combustível, reconhecimento através de gamification, um e-mail da diretoria, entre outros.
4. INVESTIMENTO
Esta é a última parte do processo e se o funcionário chegar até aqui, existem grandes chances de que ele percorra o fluxo novamente, até que o comportamento desejado se torne um hábito.
O investimento se refere à quando, por exemplo, o funcionário realiza uma determinada atividade no programa de mobilidade, ou seja, ele interage ativamente para receber uma recompensa que ficou clara que irá receber.
O investimento pode ser em: tempo, dinheiro, esforço presencial, comprometimento emocional, dados pessoais, capital social, networking e etc… As pessoas tendem a valorizar aqui que já realizaram um determinado esforço e por esta razão aumenta a possibilidade de se manterem envolvidas.
A experiência produzida pela ação do investimento proporcionará o retorno ao fluxo, portanto, garanta de que todas as dúvidas possíveis do funcionário sejam esclarecidas, tenha uma equipe/canal responsável por sanar essas dúvidas, e procure responder o mais rápido possível, colete informações de melhorias e novas funcionalidades, esteja próximo e sempre aberto para ouvir e saber perguntar. Lembre-se também que a Mobicity está aqui para ajudá-lo nesta jornada.
Para manter o engajamento, lembre-se de atualizar todos os funcionários sobre os resultados do programa de mobilidade, divulgar as ações, incentivá-los, levantar informações, mensurar, compartilhar as experiências dos funcionários, gerando mais visibilidade e assim trazendo novos adeptos.